segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Caixa de Surpresas (1980) - Paul Newman

"A peça central da carreira de Paul Newman (seu quarto filme, após quase oito anos de silêncio) é, de longe, o melhor filme americano da década. Não apenas por seu tom e ritmo bastante controlado, comovente e inusitado, nem pelos excepcionais atores e atrizes, mas principalmente pelo tratamento de um tema como este, o mais fácil de transformar num dramalhão estúpido. A Caixa de Surpresas é, como Midareru de Mikio Naruse, a prova definitiva de que um grande diretor (e Paul Newman é um dos maiores do seu tempo) pode fazer maravilhas com qualquer argumento, até mesmo com os mais enfadonhos, os menos 'importantes', mesmo que o enredo seja entediante e o final previsível. Uma jóia."

Postcefalu, usuário da IMDb

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"(...) Ainda mais impressionante em sua absoluta modéstia e uma incisiva exploração das últimas faíscas da vida é o seu próximo filme, A Caixa de Surpresas (1980), amplamente não visto e freqüentemente dispensado por ser um telefilme. Este é provavelmente o mais profunda e serenamente pungente filme que já assisti sobre doenças e morte, sobre solidão a despeito do amor e as estranhas, complexas relações tecidas com familiares e amigos próximos. Newman estava abordando o terreno mais perigoso, com o temível assunto da doença terminal e sua agonia. Efeitos forçados, sentimentalismo, melodrama barato e acesso súbito às lágrimas pairam sobre esse tipo de filme, prestes a ruir à mínima menor distração dos seus realizadores. Que Newman tenha completamente e sem esforço visível evitado todas essas armadilhas prova sua maestria consumada como cineasta (ele sabia o que queria deixar fora, bem como o que queria alcançar) e sua maturidade como ser humano. Cassavetes podia ser mais passional, áspero e brutal, e seus filmes eram cheios de energia, mas Newman tinha uma vantagem em precisão e balanço, e a habilidade para mesclar o comportamento mais concreto e realista aos cenários mais abstratos."

Miguel Marias, The Intimate Gaze, Moving Image Source, outubro 2008

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