sexta-feira, 15 de maio de 2009

Le révélateur (1968) - Philippe Garrel



Cahiers: Você crê que cada plano, que toda imagem não transmite mais que apenas uma mensagem? Plano, mensagem, do qual a leitura seria única, a comunicação unívoca?

Garrel: Em todo caso, toda interpretação intelectual que se dê demole a imagem, os planos. A partir do momento em que eu mesmo ensaio falar, eu vou contra eles, não posso me impedir de destrui-los. Em si, eles se bastam a si mesmos, eles são feitos para serem recebidos, é tudo. O cinema ideal é um cinema que seria recebido por todo mundo da mesma forma, toda a sala estando projetada numa psicose coletiva que é precisamente o filme à medida em que se desenrola. Eis o ponto máximo de perfectibilidade do cinema.

Cerclé sous vide - Philippe Garrel entrevistado por Jean-Louis Comolli, Jean Narboni e Jacques Rivette, Cahiers du Cinéma nº 204, setembro 1968

***

"Sobre o plano técnico, certos exegetas modernos querem a todo custo que haja montagem em Méliès, como se isso aumentasse sua modernidade. Ao contrário, os planos longos e generosos, aos quais estava restrito e que não desejava enriquecer que através de uma profusão de trucagens e eventualmente de personagens, unir-se-ão ao cinema mais moderno ou antes será reencontrado por ele."

Jacques Lourcelles, Dictionnaire du cinéma: Les Films, Paris: Laffont, 1992.

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