segunda-feira, 18 de maio de 2009

"Realizador, metteur en scène, cineasta e autor são os principais nomes que designam, através das épocas de um século de cinema, aquele que fez um filme, e depois outro, e depois ainda outros: o primeiro possui uma conotação neutra, como se se tratasse de uma pura atividade material e mecânica, e se aplica a todos, ao passo que os outros três nomes sugerem cada um uma orientação específica no trabalho dos filmes aos quais se relacionam. Metteur en scène nos diz que há, como no teatro, atores e espaço para encenar, e sugere conjuntos de movimento e uma produção de imagens; cineasta, ele, evoca uma demiurgia mais obscura que se interessa mais pelos planos e seus agenciamentos orgânicos que a uma seqüência satisfatória de efeitos visíveis, enquanto que o autor de filme indica imediatamente essa consciência indiscutida de que o detentor do título ocupa uma posição precisa na produção cinematográfica, assume uma posição moderna de responsabilidade - reivindicada por si, reconhecida por outros -, e sugere também um modo individualista de acelerar as coisas e fazer um filme relegando a procura da beleza ou da eficácia, virtudes mais circunspectas, muito aquém da urgência de formular uma verdade ou um conjunto de verdades pessoais."

Jean-Claude Biette, Qu'est'ce qu'un cinéaste?, Trafic n° 18, primavera 1996

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