segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mon Cas (1986) - Manoel de Oliveira



"A que serve aqui o teatro do plano? Para estabelecer sem o dizer um tipo de manifesto no qual teatro e cinema dialogam e intercambiam seus materiais respectivos a fim de realizar uma perspectivização onde tudo ainda pode vibrar, se modificar, se contradizer."

Jean-Claude Biette, Le gouvernement des films, Trafic nº 25, primavera 1998

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"(...) Mas como o cinema tem uma história e seus espectadores substituem lentamente seus hábitos, as leis que regulam a ilusão (e sua potência) acabam elas também modificadas e começam a obedecer um desvio perceptivo vindo da televisão. É necessário portanto hoje em dia que um filme intensifique seu efeito sobre o espectador se quer existir. A representação das ações humanas no espaço parece não mais bastar: ela está mesmo aparentemente condenada, se seus únicos pontos de apoio são a Realidade.

Ora, hoje em dia, a Realidade, é a realidade mais sua refração midiática. Pode-se excluir essa refração: o que fazem Bresson, Straub, Oliveira. Pode-se incluir essa refração: o que todos fazem ao considerar essa refração como natural e axiomática. Godard a inclui, mas ele é único ao não percebê-la como natural, e sobretudo a não restitui-la como natural."

Jean-Claude Biette, Répertoire incomplet du cynisme, Cahiers du Cinéma nº 377, novembro 1985

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« O velho par teatro-cinema é, bizarramente, o menos carunchoso. Nunca o cinema precisou tanto de um "palco". É normal, já que este é cada vez menos "a sala". Nunca o cinema precisou tanto de duração, ou seja, música. Nem nós, nunca tanto precisáramos dos filmes de Manoel de Oliveira. »

Serge Daney

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