sábado, 9 de maio de 2009

Sob o Signo de Capricórnio (1949) - Alfred Hitchcock



"Por um emprego sistemático e admiravelmente fluido dos planos longos e dos movimentos de câmera - técnica retomada do seu Festim Diabólico, mas aqui com uma outra finalidade -, por uma lentidão e uma solenidade desejadas da intriga, uma dramatização mais discreta que de hábito, uma elipse quase total das cenas de ação, Hitchcock dá a seus personagens e às relações que se encadeiam entre eles uma estranha espessura romanesca. O que se passa no interior de seus corações é a verdadeira matéria do filme. Os temas hithcockianos do falso culpado e da confissão salvadora adquirem um papel muito insólito na economia da intriga, uma vez que o falso culpado o é voluntariamente e o conteúdo da confissão repousa na verdade sobre a revelação de um sacrifício do qual o beneficiário não deseja mais ser o único conhecedor. Todos os personagens vivenciam seus grandes sentimentos até o limite, e uma série de sacrifícios recíprocos encadeia uns aos outros de forma mais sólida que em um complot. Mesmo o anjo negro do filme (a governante Milly) age levada por um sentimento de amor profundo que, sem de forma alguma absolvê-la, às vezes a coloca ao nível dos outros personagens."

Jacques Lourcelles, Dictionnaire du cinéma: Les Films, Paris: Laffont, 1992.

Tradução: Luiz Soares Jr.

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